Pesquisas
Ruralidades diversas-diversas ruralidades: sujeitos, instituições e práticas pedagógicas nas escolas do campo, Bahia-Brasil

Equipe Executora:
 
Elizeu Clementino de Souza – PPGEduC/UNEB – Coordenador
Fábio Josué Souza dos Santos – UNEB – Vice-Coordenador
Ana Sueli Teixeira de Pinho – UCSal
Alessandra Gomes – UFRB
Andréia Barbosa dos Santos – UFRB
Cenilza Pereira dos Santos – UNEB
Cláudio Orlando Costa do Nascimento – UFRB
Eduardo David de Oliveira – UFRB
Jane Adriana Vasconcelos Pacheco Rios – UNEB
Luis Flávio Reis Godinho – UFRB
Lúcia Gracia Ferreira – UNEB
Marivaldo Cruz do Amaral – UFRB
Natalina Assis de Carvalho – DEDC I/UNEB
Marta Licia Teles Brito de Jesus – UFRB
Patrícia Júlia Souza Coelho – UNEB
Rita de Cássia Brêda Mascarenhas Lima – UNEB
Sandra Regina Magalhães de Araújo – UNEB
Terciana Vidal Moura – UNEB
Zélia Malheiro Marques – UNEB
 
Pesquisadores associados:
 
Jean-Jacques Schaller (Paris 13/Nord)
Izabel Galvão (FEUSP e Paris 13/Nord),
Christine Delory-Momberger (Paris 13/Nord)
Maria da Conceição Passeggi (UFRN)
 
Resumo:
 
A Pesquisa Ruralidades diversas – diversas ruralidades: sujeitos, instituições e práticas pedagógicas nas escolas do campo, Bahia-Brasil pretende investigar ações educativas que se desenvolvem em diferentes espaços rurais na Bahia e na França. Volta-se para o estudo dos sujeitos, das práticas e das instituições educacionais do/no campo, tomando a escola como lugar de aprendizagem e intervenção social capaz de promover o dinamismo local, pretendendo assim contribuir para a “solução dos graves problemas que caracterizam a Educação Básica na Bahia”, conforme propõe o Edital 004/FAPESB/2007. Trata-se de uma pesquisa em regime de colaboração entre a Universidade do Estado da Bahia-UNEB, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB e a Universidade de Paris 13/Nord-Paris8/Vincennes-Saint Denis (França), através de parceria entre os seguintes grupos de pesquisa: o GRAFHO – Grupo de Pesquisa (Auto)biografia, Formação e História Oral (PPGEduC / UNEB); o CAF – Currículo, Avaliação e Formação (UFRB/Centro de Formação de Professores – Campus Amargosa); e o Centre de Recherche Interuniversitaire EXPERICE (Paris 13/Nord-Paris 8/Vincennes-Saint Denis). Tais grupos propõem-se a articular uma rede de pesquisas acerca das ações educativas que se desenvolvem em diferentes espaços rurais no Estado da Bahia – Brasil e na França. Assim, temos no lado brasileiro uma articulação entre os trabalhos desenvolvidos no PPGEduC / UNEB, pelo GRAFHO, constituído de pesquisadores vinculados aos diferentes campi da UNEB e que vem acumulando uma importante contribuição teórico-metodológica acerca das histórias de vida, das (auto) biografias e das práticas de formação de professores; mais as investigações realizadas e em realização por egressos e mestrandos deste Programa, acerca da Educação do Campo no Estado da Bahia; e, ainda as investigações do CAF, no Centro de Formação de Professores da UFRB (Campus Amargosa), o que possibilita uma articulação com uma Universidade situada no interior do estado, portanto com um raio de ação mais próxima das questões levantadas pelo objeto de estudo de que trata este projeto de pesquisa, qual seja a territorialidade rural e suas especificidades. Do lado francês, as interfaces e colaboração com o Centre Interuniversitaire EXPERICE (Paris 13/Nord e Paris 8/Saint Denis) se dará por meio da participação de pesquisadores inseridos no eixo temático “O sujeito na cidade: educação, individuazação e biografização”, dirigido por Christine Delory-Momberger. Este eixo toma por objeto de pesquisa as operações de biografização, isto é, os processos pelos quais os indivíduos ao mesmo tempo agem e se constroem no espaço social. Tais processos são vistos como em relação estreita com a compreensão que os sujeitos têm da história de suas vidas e com os sentidos que atribuem a suas experiências. Um diálogo mais direto será estabelecido com o projeto de pesquisa “Intervenção social, solidariedade e dinamismo locais”, coordenado por Jean-Jacques Schaller, com início previsto para 2008. Ao estudar as escolas rurais e suas diferentes significações no contexto social-escolar, o objeto, desdobra-se em questões e objetivos a serem apresentados a seguir, o qual será estudado a partir de três entradas: a) os sujeitos das escolas do campo; b) trabalho e prática pedagógica nas escolas do campo; c) instituições escolares do campo; tomando como recurso metodológico a biografização – histórias de vida – dos sujeitos que vivem e trabalham no campo rural. A pesquisa busca investigar, portanto, como se configuram estes sujeitos, os espaços, as práticas e as instituições, entendidos aqui como lugares de aprendizagem, enfocando o papel da escola e das ações educacionais na biografização destes sujeitos e na promoção do dinamismo local. Na Bahia, por conta da existência de diferentes ruralidades que caracterizam o Estado, o recorte da pesquisa tomou três espaços: as Ilhas localizadas no Município de Salvador: Ilha de Maré, dos Frades e Bom Jesus dos Passos; o Recôncavo Sul, especificamente o Município de Amargosa, sede do Centro de Formação de Professores da UFRB; e o Semi-Árido baiano, onde se toma o município de Pintadas como campo empírico da pesquisa.  Na França, a investigação se fará junto a três Associações de Salvaguarda da Infância e Adolescência situadas no interior da França, cujas ações de proteção e educação em direção de crianças e adolescentes se desdobram em diferentes formas de intervenção. O estudo busca, portanto, a partir da colaboração de vinte pesquisadores, trazer à tona a problemática da Educação do Campo ofertada pelo poder público e sociedade civil organizada nos diferentes contextos rurais, por meio de análise das práticas educativas na perspectiva de contribuir com a formulação e implementação de políticas públicas voltadas para os povos do campo, considerando o ambiente identitário dos sujeitos que dão vida e sentidos às produções culturais próprias do mundo rural.
 
Financiamento: Fapesb/CNPq
 
Período: 2008/2013
 
Subprojetos:
 
Educação, biografização e formação: os sujeitos da escola do campo e dimensões do trabalho pedagógico
 
Elizeu Clementino de Souza – UNEB
 
A pesquisa objetiva analisar dispositivos de formação, especificamente no que se refere à da prática docente de professoras de escolas do meio rural, através das escritas de formação expressas em diários, ao tomar os conceitos de biografização, documentação narrativa, identidade e formação como modos de narração constituídos de discursos da memória, a partir da centralidade do sujeito que narra. Buscar-se-á discutir questões vinculadas a construção identitária profissional da docência em processo de formação, por meio de narrativas auto-referentes, entendidas como instrumento de (auto)formação, de pesquisa e de intervenção, no contexto das práticas sociais e profissionais. O eixo central de análise é a pesquisa ‘Ruralidades diversas – Diversas ruralidades: sujeitos, instituições e práticas pedagógicas nas rurais da Bahia’, ao centrar-se nos princípios da pesquisa autobiográfica, com ênfase no processo de Investigação-Formação por meio da narrativa docente entendendo a narrativa autobiográfica como uma metodologia de trabalhar e significar esta formação. Trata-se de analisar, através do aporte teórico-metodológico das narrativas autobiográficas, para entendê-las em seu tríplice aspecto: tanto como fenômeno (o ato de narrar-se), quanto como método de investigação e, ainda, como processo de auto-formação e de intervenção na construção identitária de professores e de formadores, expressas em diferentes modos de narração e discursos da memória. Buscar-se-á desenvolver a entrada da pesquisa, a partir de duas linhas gerais de trabalho, a primeira discutirá questões concernentes às narrativas de formação das professoras das escolas do meio rural, através das escritas expressas em diferentes escritas de formação. A segunda entrada centra-se na ideia de construção e constituição das narrativas como ‘documentação pedagógica, tendo em vista a configuração de espaços de memórias sociais e educativas experienciadas pelos sujeitos do meio rural em suas múltiplas manifestações.
 
Os sujeitos das classes multisseriadas nas escolas da roça de Amargosa-Ba: espaços, representações e práticas
 
Fábio Josué Souza dos Santos  – UFRB/UNEB
 
Inserido na discussão esboçada no Pesquisa Ruralidades diversas – diversas ruralidades: sujeitos, instituições e práticas pedagógicas nas Escolas do Campo no Estado da Bahia-Brasil, este subprojeto ‘Os sujeitos das classes multisseriadas nas escolas da roça de Amargosa-BA: espaços, representações e práticas’, pretende focar o caso específico das escolas de classes multisseriadas localizadas no município de Amargosa-Ba, situado no Vale do Jiquiriçá, na fronteira entre o Recôncavo Sul, numa zona de transição entre o Litoral e o Sertão. O objetivo do subprojeto é contribuir para a compreensão da realidade das escolas de classes multisseriadas do município: seus espaços, seus sujeitos, suas representações e práticas. Assim, voltando-me para o estudo das classes multisseriadas, proponho-me a investigar: Quem são os sujeitos das classes multisseriadas? No que se refere aos professores, que representações têm sobre o espaço (a roça e a escola), os sujeitos (sobre si e sobre os alunos) e o multisseriamento? Tomando então esta realidade, a investigação aqui intensionada, pretende responder às seguintes questões: Qual o conteúdo destas representações? Onde elas se ancoram? Onde elas se sustentam? Em que momento da história de vida desses/as professores/as essas representações se formaram, se delinearam? Como e onde elas emergiram? Quais as suas implicações para a prática docente nas classes multisseriadas?
 
As representações de professores dos anos iniciais da Educação Básica de escolas rurais sobre o aluno das comunidades rurais no Território de Irecê
 
Cenilza Pereira dos Santos – UNEB
 
Pensar a ação docente requer pensar à docência como uma das mais complexas atividades humanas. É possível que tal complexidade encontre explicações na intrincada teia de relações estabelecidas pelo fenômeno educativo, visto que a ação docente não se restringe à mediação de relações entre o sujeito que aprende e determinado objeto que lhe é dado a conhecer, mas direciona-se à própria contribuição do sujeito aprendiz, refere-se ao potencial transformador dessa atividade que é construída e ao mesmo tempo constrói os sujeitos implicados. Irecê caracteriza-se como um município do semi-árido localizado na mesorregião do centro-norte baiano, constituído de uma comunidade essencialmente rural, no processo de organização do território percebe-se a importância que essa discussão tem e que possa ser levada para as escolas para que essas identidades sejam discutidas e valorizadas. Isso faz parte da valorização das diversas localidades e ruralidades que existe no nosso país, um país que tem na agricultura sua base econômica, essa diversidade é que nos torna um povo com características diversas, plurais com uma diversidade cultural muito grande. O subprojeto tem a intenção de compreender as representações de professores dos anos iniciais da Educação Básica das escolas rurais do município de Irecê sobre seus alunos e as projeções que fazem desses sujeitos, seus desejos e aspirações na valorização do local, sua cultura, seu trabalho.  A forma como o professor compreende o aluno no seu processo de aprendizagem, diz muito na organização do seu trabalho pedagógico, da forma como pensa ser ideal para a organização das classes e do currículo que implementam nessas escolas, além de seus posicionamentos na forma de articular a relação escola comunidade local na contextualização do seu trabalho.
 
Nas malhas da leitura: perfil leitor e práticas culturais de leitura de professores e professoras rurais da comunidade de Arrodeador – Jaborandi – Bahia.
 
Rita de Cássia Brêda Mascarenhas Lima – UNEB
Orientadora: Verbena Maria Rocha Cordeiro
 
As décadas de 80 e 90 foram marcadas por intensas discussões acerca do significado do ato de ler e da compreensão da escrita. A concepção de alfabetização foi posta em debate em virtude dos graves problemas demonstrados nas pesquisas acerca do nível de leitura, escrita e compreensão dos alunos provenientes das séries iniciais do ensino fundamental. A aquisição e o domínio da leitura e da escrita são essenciais para a constituição de uma sociedade mais autônoma, crítica e participativa. No entanto, o ato de ler e escrever, como conquistas sociais e culturais das camadas populares, têm sido constantemente questionadas, uma vez que tais apropriações/aquisições não têm desempenhado o papel social que as mesmas se propõem. Comumente as práticas de leitura e de escrita desenvolvidas nas salas de aulas têm se mostrado sem sentido, desarticuladas com a realidade e interesse dos alunos, os portadores de textos utilizados geralmente não correspondem aos de uso cotidiano e funcionalidade social. Estes dados têm sido suficientes não apenas para revelar que as ações educativas e as políticas públicas de leitura pouco têm contribuído para formação de leitores bem como despertar no aluno não apenas o gosto, mas a efetiva compreensão da importância de uma aprendizagem significativa do ato de ler e de escrever, como também para nos instigar a pensar e pesquisar sobre estas questões. Aliada a estas reflexões, a discussão sobre a formação profissional já na década de 1990 sinalizava a necessidade da formação profissional mínima em nível superior para todos os profissionais que atuam na Educação Básica, frente a esta exigência, acompanhamos o surgimento, aqui na Bahia, desde 1998 dos cursos de graduação (formação inicial) para atender exclusivamente aos docentes que já atuam nas primeiras séries do ensino fundamental. Admitindo que estes cursos se enquadram num processo de formação aligeirada é que surge a necessidade desta pesquisa acerca de estudos mais aprofundados sobre a efetiva contribuição destes cursos na construção das representações e práticas culturais de leituras dos docentes rurais egressos destes cursos. Esta pesquisa está ancorada nos estudos advindos da História Cultural por considerar que os sujeitos que ora serão pesquisados sempre estiveram silenciados na historiografia educacional. Teremos como público alvo 07 docentes, sendo 04 professoras e 03 professores todos egressos do Programa Rede UNEB 2000 ofertado ao município de Jaborandi e que atuam na comunidade rural de Arrodeador neste mesmo município distante a 900 km de Salvador.
 
Palavras-chave: Leitura, Representações de leitura, práticas culturais de leitura, políticas de formação de professores.
 
Entre viagens e viagens, leituras e leitores: a itinerância da Biblioteca Móvel Anísio Teixeira
 
Zélia Malheiro Marques – PPGEduC/UNEB
Orientador: Elizeu Clementino de Souza
Coorientadora: Verbena Maria Rocha Cordeiro
 
Educação implica formação do educador e, na contemporaneidade, essa tarefa torna-se mais exigente. Enquanto ação problematizadora, porém, no universo educativo, faz-se convidativo a desconstruir conceitos, abrindo possibilidades plurais de leituras e descobertas, conduzindo a prática pedagógica a ser reflexiva e democrática. Com o avanço do conhecimento tecnológico, novos desafios surgem e, ao eleger a diversificada tipologia textual existente, espera-se criar espaços à reflexão da experiência humana. A leitura, portanto, sendo propiciadora do conhecimento de si e sua integração no mundo. Na cidade de Caetité, sudoeste baiano, a Casa Anísio Teixeira, através da sua biblioteca, apoia as escolas rurais multisseriadas do município. Trata-se de um significativo programa de leitura. Há, porém, questões inquietantes, a saber: como tem sido a formação de leitores e de produtores de textos nas escolas rurais do município acompanhadas pela Biblioteca Móvel Anísio Teixeira? Espera-se que o Mestrado Educação e Contemporaneidade com a linha de pesquisa: Educação, Tecnologias Intelectuais, Currículo e Formação do Educador venha ajudar responder questões assim. Propõe-se, através das narrativas de vida, verificar as práticas de leitura dessa biblioteca, observando a formação do educador, o ato de ler como propiciador de novos leitores e de produtores de textos, o prazer de ler e o incentivo ao compromisso pessoal e social. Torna-se importante, o contato com teóricos da educação como: Anísio Teixeira, Freire, Josso e outros, adentrando-se no universo da leitura com: Yunes, Kleimam, Lajolo, dentre outros, para repensar a educação, contribuindo, assim, para ser mais libertadora.
 
Palavras-chave: educação, contemporaneidade, leitura, Biblioteca Móvel Anísio Teixeira.
 
Professores da Zona Rural: formação, identidade, saberes e práticas
 
Lúcia Gracia Ferreira – PPGEduC/UNEB
Orientador: Elizeu Clementino de Souza
 
A crise vivenciada atualmente no campo educacional tem atingido a todos, principalmente, os professores. Ao mesmo tempo em que esse profissional carrega a esperança de mudança social, ainda se percebe que esta é uma das profissões menos valorizadas. Desse modo, a boa condução do processo educativo e da formação de professores torna-se urgente, pois se percebe a falta de condições para a realização do trabalho docente, de recursos materiais, de apoio governamental e administrativo, dentre outros. Assim, consideramos necessário que os professores que atuam, principalmente, na zona rural tenham acesso, no percurso de sua formação inicial e continuada, a currículos e programas que atendam, especificamente, a educação rural. Por isso, este projeto de pesquisa tem por objetivo analisar quem é o professor da zona rural do município de Itapetinga-BA, a partir de princípios como formação, identidade profissional, saberes e prática pedagógica. Buscaremos dar respostas a indagações como: qual a formação, identidade profissional, saberes e a prática pedagógica dos professores da zona rural? Como esses saberes (re) orientam a prática pedagógica? Como desenvolvem sua prática no contexto da educação no meio rural? A proposta metodológica deste projeto que atende a linha de pesquisa educação, tecnologias intelectuais, currículo e formação do educador, trata-se de uma investigação qualitativa, a partir da abordagem da história de vida. Como instrumentos de pesquisa serão utilizados a entrevista narrativa, a observação e a análise documental. A coleta e a análise dos dados centram-se nos instrumentos escolhidos e nas fontes coletadas, visando alcançar os objetivos propostos neste projeto e a partir do referencial teórico que fundamenta o projeto de pesquisa.
 
Palavras-chave: processo educativo, formação, professores.
 
Trajetórias e narrativas das professoras de educação infantil das escolas públicas no município de Itaberaba – Bahia: interfaces entre as experiências de vida e de formação com a práxis educativa
 
Patrícia Júlia Souza Coelho – PPGEduC/UNEB
Orientador: Elizeu Clementino de Souza
 
O presente anteprojeto de pesquisa tem como intencionalidade investigativa conhecer as experiências de vida e de formação das professoras de Educação Infantil, em Itaberaba – Bahia, identificando as concepções de infância subjacentes em suas narrativas e os fundamentos teórico-metodológicos utilizados em sua práxis educativa. A pesquisa proposta ao PPGEduC – UNEB, articula-se com a Linha 2: Educação, Tecnologias Intelectuais, Currículo e Formação do Educador, já que esta concebe o processo formativo, a partir de uma abordagem que possibilita ao professor a reflexão sobre a sua práxis, considerando-o autor e sujeito capaz de compreender e ressignificar o seu campo de atuação. Segundo Nóvoa (2004), essa perspectiva formativa contribui para a emancipação profissional e para construção de uma profissão que é autônoma na produção de seus saberes. A abordagem autobiográfica, de acordo com Souza (2006), inscreve-se num amplo movimento de investigação-formação, assim, essa opção metodológica para o desenvolvimento da pesquisa se deve pela possibilidade de percorrer as trajetórias docentes e estudar sobre as histórias de vida e narrativas das professoras de Educação Infantil em Itaberaba, tendo em vista as suas próprias experiências e os seus conhecimentos epistemológicos, constituídos na relação dialética entre as dimensões pessoais e coletivas. A investigação proposta será uma pesquisa qualitativa, de caráter colaborativo e terá como pressupostos teóricos os estudos realizados por Ariès, Catani, Fontana, Freire, Josso, Kramer, Macedo, Nóvoa, Souza, Zabalza, entre outros. Para a coleta de dados serão utilizadas entrevistas semi-estruturadas e registros orais e escritos elaborados pelas professoras em foco nos diferentes espaços formativos.
 
Palavras-chave: Histórias de vida; Formação de Professores; Educação Infantil
 
O cotidiano da sala de aula nas escolas da roça: um olhar sobre as práticas pedagógicas dos professores das classes multisseriadas do município de amargosa
 
Terciana Vidal Moura – UNEB
 
Apesar do esquecimento histórico das políticas públicas e do vazio teórico de estudos voltados para as classes multisseriadas, estas têm se constituído ultimamente uma temática de grande interesse na arena e nas pesquisas acadêmicas. Assim como no Brasil e na região Nordeste, Amargosa é um município baiano que concentra um grande número de escolas na roça com classes multisseriadas. E essas turmas configuram-se para o sistema municipal de ensino um grande desafio e um problema a ser enfrentado. Os índices educacionais do município têm apresentado um quadro negativo quanto ao desempenho dos alunos provenientes das turmas multisseriadas. Esses dados, aliado ao temor e falta de formação dos professores para lidar com esse universo, têm se constituído uma grande preocupação dos profissionais da Secretaria Municipal de Educação de Amargosa, que desde 2005, vem buscando criar estratégias que consolidem práticas pedagógicas que medeiem de forma significativa aprendizagem dos alunos dessas turmas. O município apresenta dados alarmantes de repetência e distorção idade-série entre os alunos das classes multisseriadas, chegando-se a identificar turmas onde a reprovação alcança o índice de 100% de reprovação. Intenta-se no subprojeto construir com os professores que atuam em classes multisseriadas, estratégias didáticas que possam superar esse quadro de “fracasso escolar” do qual centenas de alunos são vítimas todo ano. Investigar e compreender a prática pedagógica dos professores das classes multisseriadas, buscando verificar a analisar as estratégias didáticas que eles utilizam para garantir a aprendizagem dos alunos. Especificamente pretende-se responder às seguintes questões: Como eles administram os diferentes currículos e conteúdos de cada série? Como organizam o tempo pedagógico e o espaço da sala de aula? Como lidam com dificuldades didático-pedagógicas? A relevância desse estudo dá-se pelas pistas que ele poderá revelar para a construção de políticas públicas mais significativas, localizadas e eficazes, na medida em que se fará uma “compreensão mais etnográfica” da realidade em questão.
 
Ruralidades, histórias de vida e formação docente: discursos de identidade nas escolas da roça do Piemonte da Chapada Diamantina.
 
Jane Adriana Vasconcelos Pacheco Rios – UNEB
 
A pesquisa Ruralidades, histórias de vida e formação docente: discursos de identidade nas escolas da roça do Piemonte da Chapada Diamantina procura biografar os diferentes processos de formação dos professores e professoras das escolas da roça do Território de Identidade do Piemonte da Chapada Diamantina, no Estado da Bahia. Analisar a escola da roça, na perspectiva desse estudo, é pensar sobre seus sujeitos discursivos, de que lugar discursivo eles falam, seu contexto, suas formações e memórias discursivas, suas identidades, seus tempos e espaços de constituição. A metodologia dessa pesquisa será o resultado do cruzamento de três abordagens metodológicas: a etnografia escolar como fundante no processo de descrição densa do fazer cotidiano dos sujeitos da pesquisa; os princípios da história oral – através do uso das histórias de vida – buscando nas narrativas as produções discursivas que expressam o sentido de “ser” e de pertencimento dos professores e professoras da roça; a Análise do discurso de linha francesa analisando as práticas discursivas dos sujeitos de linguagem, partindo do princípio que o sujeito não é um sujeito em si, individualizado, mas aquele que existe socialmente, interpelado pela ideologia, pelo outro e pelas relações. Assim, este estudo pretende focalizar os seguintes aspectos da/na escola da roça: 1) caracterização das escolas da roça, identificando espaços, sujeitos e práticas; 2) biografização das histórias de vida dos professores e professoras da roça; 3) pertencimentos e deslocamentos identitários; 4) diferentes espaços de aprendizagem no processo de formação docente; 5) levantamento de documentos de identidade.  A ênfase dada ao discurso nessa pesquisa parte do princípio que a identidade é uma política de posição e de sentidos, logo a maneira como os alunos e as alunas da roça se posicionam ou são posicionados nos discursos escolares produzem a forma de ser e estar desses sujeitos no mundo, presentes em suas histórias de vida. Devido a isso, é de extrema relevância investigar o processo de formação dos professores e professoras da escola da roça visando compreender quem são esses sujeitos discursivos, como são constituídos e de que maneira estes podem contribuir efetivamente no projeto de construção de uma educação do/no campo.
 
Os sujeitos das escolas do campo
 
Andreia Barbosa dos Santos  – UFRB
 
Pretendo desenvolver minha entrada na pesquisa a partir da discussão da alfabetização de adultos enquanto possibilidade de fortalecimento dos sujeitos do campo na luta contra apelos ideológicos que valorizam a vida na “cidade grande” enquanto única alternativa de felicidade e sucesso pessoal e profissional. A alfabetização de jovens e adultos historicamente têm sido tratada enquanto salva guarda nacional, cura, solução da violência e de todas as mazelas sociais que enfrentamos. Convoca-se todos aqueles que ora expulsos da escola, ou que nem mesmo tiveram direito ao acesso a ela para que retornem aos bancos escolares. Sob o manto do discurso de justiça social, promete-se no presente o que outrora lhes fora negado. A questão aqui não é só compreender a contradição de que o mesmo sistema que expulsa ou que não permite que todas as pessoas dele façam parte convoque-as a serem reintegradas a ele em outro momento. É preciso compreender também que essa contradição produz efeitos dentro e fora das salas de aula, desde a evasão, a desmotivação dos sujeitos e a resistência.  A educação do campo enfrenta grandes desafios no que tange o apagamento da cultura dos sujeitos. A ideologia de que o bom, o moderno é viver na cidade ainda hoje mobiliza milhares de sujeitos em busca da prometida vida melhor nos grandes centros. Desse modo, pretendo a partir da inserção nas comunidades buscar elementos de resistência cultural a esses apelos vislumbrando os sujeitos excluídos das escolas do campo, mas que se fazem presentes dentro desse espaço a partir da cultura materializada em seus filhos, netos, sobrinhos, primos etc.
 
As diferentes interações de ensino e aprendizagem em sala de ensino multisseriado e o lugar da avaliação: qual a contribuição da filosofia dos ciclos de aprendizagem para o multisseriamento?
 
Alessandra Gomes – CFP/UFRB
 
A organização do ensino em Ciclos de Aprendizagem tem sido uma importante medida para a concretização da democratização do ensino, no que diz respeito à permanência com qualidade de aprendizagem e ao combate ao fracasso escolar. Por funcionar em uma lógica contrária ao ensino seriado que concebe o ensino e a aprendizagem em etapas estanques, os Ciclos de Aprendizagem acolhem, entre outros aspectos, a heterogeneidade de níveis de aprendizagem e seus diferentes ritmos, a diferenciação do ensino e dos percursos de aprendizagem, a avaliação processual e diversificada das aprendizagens. As salas de ensino multisseriado guardam uma forte heterogeneidade que sob determinado olhar pode representar desafios e riquezas (de interação, saberes, possibilidade de construção de projetos conjuntos) e por outro pode apresentar-se como fator dificultador do trabalho pedagógico. É bem provável que, ao dialogar com a filosofia dos Ciclos de Aprendizagem, essa heterogeneidade assuma um viés positivo e enriquecedor tanto para os educadores quanto para estudantes. Por meio de pesquisa de cunho etnográfico pretendo identificar as diferentes interações de ensino e aprendizagem que ocorrem em salas de ensino multisseriado – tanto entre os alunos, quanto entre alunos e professores – e as concepções e práticas em torno de aspectos como heterogeneidade de ritmos e aprendizagens, diferenciação do ensino e avaliação num espaço educativo marcado historicamente pela divisão, pela seriação e pela organização cronológica. Com relação à organização em Ciclos, esse tipo de arranjo e a filosofia que o sustenta são realmente interessantes para pensarmos o ensino e a organização das classes multisseriadas? Qual sua contribuição para a teoria e prática do ensino multisseriado? Faz sentido, ao se pensar em Ciclos de Aprendizagem, no próprio termo multisseriamento? No que diz respeito à avaliação, esta é por nós concebida como importante instrumento de aprendizagem e não como simples meio de verificação da aprendizagem escolar. É a avaliação que (re)orienta o trabalho de professores e estudantes e ela só faz sentido se também conscientizar os estudantes sobre seus “estágios” de aprendizagem, se for concebida como resultado provisório em vista do aprimoramento da aprendizagem. Além disso, há que se destacar seu papel político: ela colabora para a inclusão ou para a exclusão dos estudantes? Incentiva a competição, pune o erro ou colabora para a construção de personalidades mais autônomas e autocríticas no sentido da busca do auto aperfeiçoamento? Penso que as duas questões que orientam a pesquisa estão intimamente ligadas, uma vez que o modo como os professores concebem os diferentes ritmos de aprendizagem e a potencialidade da interação entre os estudantes – só para citar alguns exemplos – influencia sua prática avaliativa. A pesquisa terá como objeto de estudo escolas da zona rural do Município de Amargosa.
 
Três Lagoas: entre o território e o itinerário cultural
 
Eduardo Oliveira – CFP/UFRB
Cláudio Orlando Costa do Nascimento – UFRB
 
Diante disso, e tomando as questões anunciadas neste Projeto de Pesquisa, os estudos a serem desenvolvidos no município de Amargosa pretendem compreender o contexto sócio-histórico-antropológico que marcam as instituições escolares e seu entorno nas áreas rurais de Amargosa, identificar e compreender os sujeitos destas escolas do campo; analisar a prática pedagógica dos professores das classes multisseriadas, buscando verificar as estratégias didáticas que utilizam e sua vinculação com a (não)-aprendizagem. A constituição de territórios culturais é um tema fundamental na discussão da Educação no/do campo. Nele desembocam temas como a produção de subjetividade, a ressignificação da cultura, a construção de identidade, o conceito de espaço social, dentre outros. A comunidade “Três Lagoas”, na área rural de Amargosa, constitui-se como uma comunidade composta principalmente por homens e mulheres negros, que guardam entre si relações de parentesco consangüíneo e compartilham com outras comunidades rurais uma forte vivência comunitária em espaços geo-políticos com pouca infra-estrutura e falta de assistência social. Não obstante o isolamento geográfico-social que padece essa comunidade, ela é capaz de produzir seu território idiossincrático alicerçado numa tradição peculiar ao grupo. Uma educação que prescinda da compreensão dos elementos que forjam esse território está fadada ao fracasso, visto que não dialoga com a própria conformação do território-comunidade. Daí a proposição de pensar a educação a partir do território-existencial da comunidade, com suas múltiplas implicações sociais, políticas, culturais e econômicas. Através da pesquisa etnográfica, aliada com a metodologia da história de vida, pretende-se compreender a dinâmica da formação do território cultural das “Três Lagoas”, em face com a discussão da Educação no/do Campo. Partindo dos itinerários de vida dos membros da comunidade, com destaque para os mais velhos, vislumbra-se re-construir o território cultural da comunidade. A pesquisa terá três etapas: 1) averiguação do histórico da região onde está a comunidade de “Três Lagoas”; 2) Pesquisa de Campo e História de Vida; 3) Produção de material bibliográfico e imagético.  A pesquisa está prevista para ser desenvolvida por mim juntamente com 4 estudantes-bolsistas. Utilizaremos material de pesquisa de campo tais como máquina fotográfica digital, filmadora e gravadores. A pesquisa resultará em dois tipos de produtos interdependentes: 1) produção textual e 2) produção de áudio-visual sobre a comunidade.
 
Fracasso escolar em escolas rurais do município de Amargosa.
 
Luis Flávio Reis Godinho – UFRB
 
O Tema que pretendo desenvolver é o do fracasso escolar de alunos que estudam em escolas rurais do município de Amargosa. Para refletir acerca do fenômeno abordarei o imbrincamento entre o discurso dos gestores escolares, dos professores, dos alunos e da família destes acerca do problema, de grande relevância para a compreensão dos nexos entre identidade social, papel da escola na construção desta e apoio das agências de socialização no processo educativo. Segundo BERGER (1995) a socialização é construída a partir da interação do ser social em relação ao seu entorno, que é socialmente constituído. Neste sentido, um conjunto de estudos acerca do fracasso escolar, em suas dimensões sócio-antropológicas, têm debatido sobre o papel das agências de socialização primária e secundária na construção do fracasso social da Escola ( Bourdieu)
 
Movimento de Educação de Base e a Zona Rural Amargosense: diálogos e possibilidades 1960-1970
 
Marivaldo Cruz do Amaral – UFRB
 
Como parte integrada deste projeto de pesquisa, o subprojeto Movimento de Educação de Base e a Zona Rural Amargosense: Diálogos e Possibilidades 1960-1970, tem por objetivo identificar, discutir e compreender o discurso “oficial” do MEB na zona rural de Amargosa, bem como suas ressonâncias na região do Vale do Jiquiriçá. O MEB enquanto macro política educativa surge na década de 1960 como um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, subsidiado no discurso oficial da Igreja Católica. Desde o final do século XIX Amargosa ocupava posição privilegiada na região, pois desenvolvia o papel de pólo comercial no Vale do Jequiriçá, vide a passagem da estrada de ferro que ligava Nazaré à Jequié, bem como o cultivo e exportação do fumo, café, entre outros produtos de subsistência que alimentavam o chamado mercado interno brasileiro. Apesar de na segunda metade do século XX, a recessão econômica já marcar a região, o Ethos de um passado legitimado na mentalidade social presente, conferia a Amargosa ainda uma posição estratégica no Vale do Jiquiriçá. Desde 1941, Amargosa sediava a 6ª Diocese da Bahia, que era responsável pela orientação religiosa de todo o Vale, indo até Jequié. Esta pesquisa será desenvolvida em parceria com alunos bolsistas e terá como referencial teórico a literatura (livros, dissertações e teses) disponível que discute a temática no país, as mesmas estão disponibilizadas na biblioteca do mestrado em Historia Social da UFBa, na biblioteca do curso de mestrado em História Regional da UNEB – campus V, biblioteca da UEFS, bem como a produção historiográfica sobre o recôncavo sul, que contribuirá na compreensão da presença estratégica de Amargosa na região. Como fonte primária trabalharemos com livros de matrículas, atas de reuniões, boletins informativos, jornais e fonte oral, as quais ainda investigaremos sua disponibilidade. A partir de uma relação estabelecida entre as fontes, cruzamento de dados e informações, bem como a discussão crítica sobre o “lugar” da fonte e sua subjetividade, estes documentos nos possibilitarão uma visão panorâmica da atuação do MEB na zona rural de Amargosa. Buscar-se-á ampliar a discussão para compreender os “discursos de ruralidade” das diferentes agências educacionais entre 1940 e 1980. Estas décadas se caracterizam por uma forte mudança na distribuição demográfica e na estrutura econômica do país e da região. Há um intenso processo migratório para a cidade. O GSB, o SMA, o MEB, etc., se constituem em agências privilegiadas de escolarização. Que concepção de ruralidades elas difundem? Como lidam com esta diferença? É possível dizer que o MEB tem uma posição mais afirmativa da cultura popular rural?
 
“Intervenção social, solidariedade e dinamismo locais”
 
Jean-Jacques Schaller – Paris 13/Nord
Izabel Galvão – Paris 13/Nord
Christine Delory-Momberger – Paris 13/Nord
 
Esta investigação se fará junto a três Associações de Salvaguarda da Infância e Adolescência situadas no interior da França, cujas ações de proteção e educação em direção de crianças e adolescentes se desdobram em diferentes formas de intervenção. Num formato de pesquisa-ação, trata-se de identificar, nos territórios rurais em que se implementam as ações, os indícios de dinâmicas capazes de promover transformações locais em favor das pessoas em situação de dificuldade, com os quais os profissionais da intervenção social devem buscar articular suas práticas. As interfaces aqui desenhadas pelos referidos grupos de pesquisa tomam a educação como forma de intervenção social capaz de articular e promover dinamismos locais. Nesse sentido, a pesquisa a ser desenvolvida objetiva abordar, a partir de um dispositivo de intervenção social, práticas que favoreçam ações emergentes de dinamismos locais e potencialidades dos atores em seus territórios.